TECNOLOGIA

por Alexsandro M. Medeiros

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publicado em nov. 2016


O conhecimento e o uso da tecnologia se confunde com a história da própria humanidade. Tecnologia é uma palavra de origem grega (techné) e significa: técnica, arte, ofício. A história da tecnologia segue uma progressão da utilização de ferramentas as mais simples (como a alavanca ou o parafuso) até ferramentas e instrumentos mais complexos dos dias atuais (como o computador e o motor a jato). As ferramentas e máquinas aumentam em complexidade na mesma proporção em que o conhecimento se expande.

Disponível em: Blog Para Entender a História (Acessado em: 17/10/2016)

Desde épocas mais remotas o homem vem utilizando técnicas e ferramentas para fazer coisas práticas do seu dia a dia. Já nos tempos pré-históricos, com a utilização de tecnologias primitivas como o fogo, a roda e o ferro que o homem vem utilizando a técnica para facilitar sua sobrevivência. A descoberta do fogo foi uma das primeiras grandes revoluções no uso da técnica pelo homem permitindo um melhor aproveitamento dos alimentos e o aproveitamento dos recursos naturais que necessitam do calor para serem úteis. A madeira está entre os primeiros materiais usados como combustível e junto com a argila e a rocha permitiram ao homem primitivo fazer armas, cerâmicas, tijolos, cimentos e posteriormente a forjar o metal.

No Egito Antigo os homens já dominavam o uso de máquinas simples como a rampa e a alavanca que auxiliavam no processo de construção. E o que dizer da técnica utilizada pelos egípcios para a construção das grandes pirâmides que até hoje permanece objeto de análise e especulação de teóricos e curiosos do assunto? Com o passar do tempo e a evolução do uso das tecnologias existentes vemos como esse quadro vai se alterando: a civilização romana já dominava o uso de técnicas para a construção de estradas, metalurgia, engenharia militar e arquitetura.

Antes de chegar à modernidade uma das invenções mais revolucionários foi, sem dúvida, a invenção da Imprensa em 1439 pelo alemão Johann Gutenberg provocando uma revolução na cultura da época pois com esta máquina o homem passou a produzir de forma mais rápida e eficiente livros e jornais.

Do machado às terapias com células-tronco, um conjunto infindável de produtos e de processos modificou as formas de vida. Antes da invenção da imprensa, o conhecimento era transmitido ou oralmente, ou em manuscritos, o que restringia sobremaneira sua difusão. Na imprensa, passou-se dos tipos de madeira aos de metal (compunha-se o texto letra a letra, como num quebra-cabeça), as máquinas iam fundindo os tipos à medida que eram digitados (ou datilografados, termo hoje em desuso). Nos anos 1960-1970, as primeiras máquinas, de base eletroe­letrônica, chamadas de composers, possibilitavam a digitação do texto num papel especial que depois era transformado em chapa para impressão em gráfica. Nos anos 1980-1990, os computadores passaram a dominar o processo – digitava-se o texto num computador, diagramava-o (dando a aparência final, com títulos, tipo e tamanho de letras, inserção de figuras, etc.), e gerava-se um arquivo que ia para a gráfica num suporte físico (disquete, CD-ROM, etc.) ou via Internet. Profissões foram criadas e extintas – como a dos tipógrafos e dos linotipistas, a dos opera­dores de software gráfico, bem como a dos gerentes de rede de informática. (SALERNO; KUBOTA, 2008, p. 16).


E assim a humanidade foi evoluindo.

Com o desenvolvimento da ciência no início da modernidade o uso da técnica passou cada vez mais a estar associado ao conhecimento científico e hoje em dia é quase impossível separar o uso da ciência e da técnica já que o avanço da tecnologia está praticamente associado ao uso do conhecimento científico. Foi assim em 1590 quando o holandês Zacharias Janssen fabricou o microscópio, utilizando técnicas usadas na fabricação de lentes para óculos. Ou em 1876 quando o americano Alexander Graham Bell inventou o telefone, possibilitando a comunicação entre pessoas situadas a longas distâncias. O século XIX foi palco da Revolução Industrial que substituiu o trabalho artesanal pela produção em massa. Surgiu a locomotiva e o barco a vapor. Além disso,

A ciência possibilitou um melhor conhecimento de certos fenômenos da natureza – como o das reações químicas, do magnetismo e da eletricidade; a aplicação dos princípios científicos, conjuga­dos a práticas, ao conhecimento popular, ao engenho, à sorte e à oportunidade, gerou tecnologias e produtos como o telefone e o motor elétrico; e as empre­sas começaram a produzir mercadorias em escala comercial, com base nessas tecnologias, e, com isso, geraram renda e riqueza por meio de inovações radicais (SALERNO; KUBOTA, 2008, p. 16).

No século XX surgem o rádio, a televisão, o avião, o computador. E com a internet teve início a Revolução da Informação, contribuindo para uma aceleração sem precedentes da difusão da informação e do conhecimento. O futuro parece ainda mais promissor com a emergência da nanotecnologia, biotecnologia, tecnologia aeroespacial, entre outras.

E o século XXI teve como ponto de inflexão importante o componente de inovação nas agendas estratégicas de ciência e tecnologia que é simultaneamente econômica, social e política. Econômica na medida em que o uso da tecnologia altera as relações de trabalho e a geração de emprego e renda. Social porque a tecnologia interfere na vida social e, política, porque os governos desenvolvem políticas de apoio ao desenvolvimento de CT&I. O componente Inovação parte da premissa “de que o conhecimento tem, em todas as formas, um papel crucial no progresso econômico, e que a inovação é um fenômeno complexo e sistêmico” (SALERNO; KUBOTA, 2008, p. 17).

Como o uso da ciência e da tecnologia sempre esteve ligado ao modo das relações humanas e de alguma forma até modificam estas relações, é natural que cada vez mais governos e estados se preocupem com a forma como a tecnologia vem sendo utilizada e empregada para fins pessoais ou de interesse coletivo. Schwartzman (2008) nos alerta para o fato de que o conhecimento científico e tecnológico não impacta apenas o setor da indústria ou a esfera do negócio, mas tem influência direta sobre questões ambientais, desenvolvimento sustentável, pobreza, geração de emprego e renda, equidade social e, por isso, necessita uma reflexão mais ampla e deve ser adequadamente compreendida e traduzida em políticas públicas que beneficiem a população como um todo e sem agredir o meio ambiente. E citando o relatório da Organização dos Estados Americanos que em 2005 realizou o fórum virtual sobre “Sociedade Civil em Ciência, Tecnologia e Inovação” afirma que: “É essencial ter informação sobre casos de sucesso onde Ciência, Tecnologia e Inovação [...] produziram impacto contra a pobreza, ajudaram a gerar empregos e fortaleceram a governança democrática” (2008, p. 20). Schwartzman destaca ainda em seu texto o papel que  as instituições de educação superior devem desempenhar no cultivo do conhecimento científico e tecnológico e colocá-lo em benefício da sociedade.

As políticas públicas de Ciência, Tecnologia & Inovação (C, T & I) constituem ações governamentais para o fomento de atividades técnico-científicas que possa se desdobrar em resultados inovativos para que se atinja um nível satisfatório de crescimento e desenvolvimento do país em âmbito federal, estadual e local e, segundo Salerno e Kubota (2008, p. 55) “a participação do Estado no apoio à inovação não é ape­nas desejável, é condição sine qua non para o desenvolvimento rumo à sociedade do conhecimento”.

Disponível em: Slideshare, slide 2 (Acessado em 17/10/2016)

Disponível em: iMasters (Acessado em 17/10/2016)

Referências

FONSECA, Marcelo Luiz M. de. Formulação de Políticas Públicas de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I): cooperação intergovernamental em busca do desenvolvimento regional. V Congresso de Gestão Pública CONSAD. Brasília, 4, 5 e 6 de junho de 2012. Acessado em 18/10/2016.

SALERNO, Mario S.; KUBOTA, Luis C. Estado e Inovação. In: DE NEGRI, João A.; KUBOTA, Luis C. (ed.). Políticas de Incentivo à Inovação Tecnológica no Brasil. Brasília, 2008. Acessado em 19/10/2016.

SCHWARTZMAN, Simon. Pesquisa universitária e inovação no Brasil. In: CGEE. Avaliação de Políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação: diálogos entre experiências internacionais e brasileiras. Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2008, p. 19-43.

VELHO, Léa; SOUZA-PAULA, Maria C. de. Introdução. In: CGEE. Avaliação de Políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação: diálogos entre experiências internacionais e brasileiras. Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2008, p. 9-18.

VIOTTI, Eduardo B. Brasil: de política de C&T para política de inovação? Evolução e desafios das políticas brasileiras de ciência, tecnologia e inovação. In: CGEE. Avaliação de Políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação: diálogos entre experiências internacionais e brasileiras. Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2008, p. 137-174.

Assista nossa Live no YouTube intitulada: A “deusa” Techné na Sociedade da Informação e os Desafios da Educação

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