por Alexsandro M. Medeiros

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postado em jan. 2025

Porfírio nasceu por volta de 233 ou 234 d. C., na cidade de Tiro (atual Líbano) e morreu em Roma, aos 73 anos. Porfírio foi para Roma por volta de 263 d.C. onde estudou com Plotino por cinco anos, tornando-se um de seus principais aluno. Acometido de uma depressão, vai para a Sicília par tentar curar-se, retornando a Roma em 270, após a morte de seu mestre. Ele “é o editor das Enéadas e o autor de uma Vida de Plotino” (Aubenque, 1973, p. 211). Organizou “os cinquenta e quatro tratados de Plotino em seis grupos de nove livros, Enéadas, publica-as em 301, junto com a biografia do mestre” (Maia Jr., 2022, p. 7).

Sua principal obra se chama Introdução, ou Isagoge (εἰς+ἀγογή). Trata-se de uma Introdução às Categorias de Aristóteles e teve grande influência na Idade Média na lógica e na discussão sobre o problema dos universais a partir da tradução feita para o latim por Boécio. Com esta obra, Porfírio incorporou a lógica aristotélica ao neoplatonismo. São dez as categorias de que ele trata na obra: “essência (οὐσία), quantidade (ποσόν), qualidade (ποιόν), relação (πρός τι), lugar (ποῦ), tempo (ποτέ), estado (κεῖσθαι), hábito (ἔχειν), ação (ποιεῖν), paixão (πάσχειν)” (Maia Jr., 2022, p. 8). Porfírio, tendo escrito sobre os dois grandes filósofos da antiguidade, Platão e Aristóteles, terminou por fazer “uma relação direta entre a obra de ambos mostrando que existe a passagem de um para outro no que diz respeito à Lógica, entre o Órganon e o Crátilo; à Ética, entre Éticas e República; à Física, entre Física e Timeu; à Metafísica, entre Metafísica e Parmênides” (Maia Jr., 2022, p. 9).

Porfírio é autor ainda de várias outras obras, como por exemplo, Contra os Cristãos, dividida em 15 livros, dos quais só restam fragmentos. Esta obra causou várias polêmicas com os cristãos, contudo, “a polémica anticristã não impedirá que o pensamento metafísico e teológi­co de Porfírio influencie a teologia de alguns pensado­res cristãos, sobretudo no ocidente latino” (Donini; Ferrari, 2012, p. 458). Outros temas de interesse do filósofo foram a astrologia, a religião, a moral e a música.

Porfírio se destacou tanto pelos seus comentários às obras de Platão e Aristóteles, como também por seu interesse nas tradições religiosas e culturais do oriente. É desta influência que resultam suas duas sobre o vegetarianismo, a saber: De abstinentia ab esum animalum (Da Abstinência do Alimento Animal) e De non necandis ad epulandum animantibus (aproximadamente, Da Inadequação da Matança de Seres Vivos para Alimentação).

seu tratado Sobre Abstinência de carnes, dirigida a um certo Firmus, que havia abandonado a prática do vegetarianismo, contém, para justificar esta prática, detalhes extraordinariamente abundantes e preciosos [...] sobre os sacrifícios sangrentos; eles não agradavam senão aos demônios perversos que querem ser adorados e que corrompem as opiniões, mesmo dos filósofos, sobre os deuses (Bréhier, 1928, p. 472, tradução nossa).

Há também uma pequena obra de exortação moral à sua esposa, intitulada A Marcela. Nesta obra, Porfírio recomenda “que se atenha sempre aos preceitos de uma filosofia que tenha por finalidade a união da alma com o princípio divino” (Donini; Ferrari, 2012, p. 457). Porfírio trata ainda das virtudes e distingue aquelas fundadas: na moderação das paixões, cartáticas, teoréticas e paradigmáticas.

“Acrescentemos que Porfírio foi também um historiador e um comentador; autor de uma Vida de Pitágoras, ele escreveu uma História dos filósofos até Platão” (Bréhier, 1928, p. 472-473, tradução nossa).