HUMANISMO RENASCENTISTA
O período da História conhecido como Renascimento tem como uma de suas características principais a afirmação do valor e da dignidade humana. Quando se diz que o humanismo renascentista descobriu ou redescobriu “o valor do homem”, quer com isso dizer-se que reconheceu o valor do homem como ser terrestre ou mundano, inserido no mundo da natureza e da história, capaz de nele forjar o próprio destino. Humanismo que também se faz sentir na literatura, através do que poderíamos chama de uma litterae humanae (cultura humana – renascimento) em oposição a uma litterae divinae (cultura teológica – idade média).
O Humanismo Renascentista pode ser analisado a partir dos seguintes aspectos:
como uma transição entre a Idade Média e a Modernidade;
Ruptura com a Idade Média onde se tinha a arte voltada para o sagrado e a filosofia à serviço da teologia e da problemática religiosa;
Traço mais característico: humanismo;
Valorização da dignidade do homem (dignitas hominis), dignidade natural, em oposição ao homem decaído, marcado pelo pecado original, descendente de Adão;
Valorização da liberdade humana; o homem é um microcosmo, que reproduz em si a harmonia do cosmo;
Influência platônica: o Platão poeta, de grandes dons literários, dialético;
Criação em Florença da Academia Platônica ou Academia Florentina, sob o patrocínio de Cosme de Médici e direção de Marsílio Ficino, um dos principais humanistas renascentistas, procurando reviver o ambiente artístico filosófico e cultural que se imaginava ou idealizava, ser o período clássico greco-romano.
FILOSOFIA POLÍTICA NO RENASCIMENTO
Os teóricos políticos do renascimento caracterizaram-se pela reflexão crítica sobre o poder e o Estado. Neste campo destaca-se o filósofo italiano Nicolau Maquiavel que, em sua obra O príncipe, secularizou a filosofia política, separou o exercício do poder da moral cristã, e deu origem ao que hoje podemos chamar de ciência política. Foi Ernst Cassirer (2003) um dos pensadores a comparar os feitos de Maquiavel para a ciência política da mesma ordem de grandeza com que Galileu estudou a queda dos corpos e deu origem a ciência da física moderna.
Sobre a obra O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, assim se refere Maar (1994, p. 38): “O príncipe de Maquiavel não é nem bom, nem mau, ele é virtuoso quando executa com eficiência o seu papel político, quando desempenha eficazmente o poder do Estado”. “A virtude do príncipe estaria na força e na astúcia com que governa, e não na justiça em relação aos governados [...] As condições de se ser virtuoso seriam a base que torna possível ao príncipe [...] ser uma alternativa viável ao governo” (MAAR, 1994, p. 38). E nas palavras do próprio Maquiavel (apud MAAR, 1994, p. 38): “Um príncipe sábio, amando os homens como eles querem, e sendo por eles temido como ele quer, deve basear-se sobre o que é seu e não sobre o que é dos outros”.
Referência Bibliográfica
MAAR, Wolfgang Leo. Maquiavel e o Estado. In: ____. O que é Política. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 35-39. (Coleção Primeiros Passos).