Os druidas eram sacerdotes pertencentes aos povos Celtas que viveram na região da Gália, onde hoje se encontram a Irlanda, o País de Gales e a Escócia. “Os druidas tinham uma estreita ligação com as árvores, inclusive o nome Druida, dru(u)ides, ou drufd na língua Irlandesa antiga, é associado à árvore do carvalho” (Martins, 2015, p. 99).
Na sociedade Celta, os druidas e os bardos eram considerados os responsáveis por serem guardiões dos mitos e das lendas ancestrais e por transmitirem, através da tradição oral, os conhecimentos e a memória da cultura de uma geração a outra. Os druidas eram descritos como filósofos, capazes de se comunicar com o divino e eram responsáveis pelos rituais, aponta a arqueóloga Miranda Green (1986) (Martins, 2015, p. 97).
Os ensinamentos que chegaram até nós sobre os druidas são provenientes de escritores gregos e romanos. Dos historiadores gregos que escreveram sobre os Celtas temos: “Strabo (63 a.C. - 21 d.C.), Diodorus Siculus (escritos por volta de 60-30 a.C.). Acredita-se que os textos escritos por Strabo e Diodorus foram baseados nas obras perdidas do filósofo estóico Posidônio (50 a.C.)” (Cunliffe, 2010 apud Martins, 2015, p. 97). Sendo que o “registro mais antigo sobre os druidas é de Júlio Cesar, escrito no ‘Das Guerras na Gália’” (Bezerra, 2016, p. 92). Citando Estrabão (Geografia IV, 4), Olivieri (2006, p. 138-139) ressalta que, aos druidas também eram confiados “os julgamentos dos conflitos privados e públicos, de tal forma que eles arbitravam as guerras e separavam aqueles que estavam a ponto de se colocar em ordem de batalha. Eles também eram solicitados para as questões envolvendo assassinatos”. Os druidas “vão até as fronteiras dos inimigos, fazem as encantações rituais que equivalem a uma declaração de guerra” (Markale, 1985, p 43 apud Olivieri, 2006, p. 139)
Os druidas acreditavam na imortalidade da alma, na reencarnação e ensinavam que a morte é uma viagem até uma ilha longínqua e misteriosa além dos mares. “Diodoro classifica os druidas como teólogos e filósofos e os associa a Pitágoras: ‘(...) a crença de Pitágoras prevalece entre eles, que as almas dos homens são imortais e que após um número de anos, elas começam uma nova vida, a alma entra em outro corpo’” (Diodoro, V, 28 apud Olivieri, 2007, p. 32 – grifo do autor).
Referências
BEZERRA, Karina Oliveira. Wicca, Druidismo e Asatrú: uma breve história. Anais do III Congresso Nordestino Ciências da Religião e Teologia: Devoções Religiosas e Pluralismo Cultural, Recife, 8 a 10 de setembro de 2016.
CUNLIFFE, Barry. The druids. New York: Oxford University press, 2010.
FERNANDES, Edrisi. Zoroastro, o Grego: Zaratustra na percepção grega e helenística. In: CORNELLI, Gabriele; FIALHO, Maria do Céu; LEÃO, Delfim (coords.). Cosmópolis: mobilidades culturais às origens do pensamento antigo. Imprensa da Universidade de Coimbra; Annablume, 2016, p. 109-131.
GREEN, Miranda. The gods of the Celts. USA: Gloucester, 1986.
MARKALE, J. Le druidisme. Paris: Payot, 1985.
MARTINS, Janaina Träsel. A cosmovisão celta e a vocalidade poética: a tradição oral e as narrativas mitológicas da idade média. Boitatá Revista, v. 10, n. 9, p. 96-111, 2015. Acesso em: 29 dez. 2018.
OLIVIERI, Filippo L. Os Druidas e a Religiosidade Celta: os sacrifícios humanos na Gália Pré-Romana. Brathair – Revista de Estudos Celtas e Germânios, edição especial, n. 1, p. 26-37, 2007. Acesso em: 29 dez. 2018.
____. A ritualização da guerra pelos Celtas: sobre uma comitiva Celta descrita por Apiano. Phoînix, vol. 12, n. 1, p. 137-148, 2006. Acesso em: 30 dez. 2018.