FILOSOFIA DA LONGEVIDADE: O ELIXIR DA LONGA VIDA 

por Alexsandro M. Medeiros

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postado em fev. 2024

Vivemos em uma sociedade onde a expectativa de vida está cada vez maior. Mas não basta viver mais. É preciso viver mais, viver bem, com saúde e qualidade de vida. Por isso resolvemos fazer algumas reflexões sobre aquilo que podemos chamar de Filosofia da Longevidade.

É um dado comum hoje em dia saber que, no mundo todo, as pessoas estão vivendo mais. Este dado é comprovado por pesquisas de instituição como a ONU (a Organização das Nações Unidas) que publica anualmente o relatório Worth Health Statistics. Em 2019 o documento mostra que, no Brasil, a expectativa de vida ao nascer passou de 69,9 para 75,1 anos entre 2000 e 2016.

E de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1940, a expectativa de vida ao nascer no país para ambos os sexos era de aproximadamente 45 anos. Em 2021, esse número já era de 77 anos, em média. O instituto projeta que em 2050 o país terá 30% de sua população com idade acima de 60 anos.

Vamos então falar um pouco sobre a tão sonhada eterna juventude. A busca da humanidade pela vida eterna motivou inclusive os chamados alquimistas desde a Antiguidade até a Idade Média e a modernidade na busca pelo elixir da longa vida. Talvez esse elixir da longa vida até seja real, mas de uma forma que a ciência procura demonstrar entendendo como funciona o nosso organismo e o que acontece após os 50 ou 60 anos de vida.

Transformações do Organismo acima dos 60 anos 

Em primeiro lugar, vamos entender um pouco do que acontece no nosso organismo a partir dos 60 anos. O nosso corpo, tal como uma máquina, se desgasta com o uso. Existem várias transformações na verdade e aqui vamos destacar apenas algumas.

De acordo com a série de reportagens do programa Fantástico intitulada Senhora Juventude e apresentada pelo médico dr. Drauzio Varela, a partir dos 60 anos, a capacidade de metabolismo do corpo desacelera e o processo de transformação dos alimentos em energia começa a perder eficácia. Como as calorias vão deixando de ser queimadas, pode gerar aumento de peso, e consequentemente aumenta o risco de doenças cardíacas e diabetes.

Além disso, a nossa estrutura óssea também vai ficando mais frágil. Por dentro, os ossos são feitos de colágeno e fosfato de cálcio. Esse tecido naturalmente sofre erosão e se reconstitui, num ciclo normal e saudável. Mas com a osteoporose, a erosão acontece mais rápido do que a reconstituição.

Outra mudança é no sistema imunológico, que combate as infecções no organismo, que tem uma queda de desempenho (por essa razão, nessa idade, as pessoas são consideradas grupo de risco para gripes e Covid, por exemplo).

Vejamos agora como a chamada ciência da longevidade pode nos ajudar a encontrar o elixir da longa vida (tão desejado pelos alquimistas), a “pedra filosofal” capaz de prolongar a existência humana. A fonte da juventude é apontada como uma das últimas fronteiras da medicina. 

Ciência da Longevidade 

Foi apresentada na série do Fantástico, Senhora Juventude, uma Pesquisa do professor de Medicina Esportiva da Universidade de Hong Kong, Parco Siu, que comparou diferentes atividades físicas para descobrir como elas influenciam no metabolismo.

A pesquisa foi realizada com mais de 500 voluntários com mais de 50 anos e todos acima do peso. Dentre as atividades físicas analisadas, a pesquisa incluiu pessoas praticantes de Tai Chi Chuan. Praticar Tai Chi após os 50 anos, segundo a reportagem, ajuda a perder gordura comparado com pessoas sedentárias e até pessoas que fazem musculação. Após o estudo, os resultados mostraram que o grupo que praticou Tai Chi teve uma redução significativa na circunferência abdominal, superando até mesmo o grupo que fez musculação.

Um outro exemplo foi o do ciclista Norman Lazarus, de 86 anos, que pedala cerca 100 quilômetros subindo e descendo a ladeira no sul da Inglaterra. Aqui foi analisado os efeitos da prática do Norman no sistema imunológico. Na faixa etária do Norman, o declínio do sistema imunológico se deve, principalmente, ao encolhimento de um órgão chamado timo, que fica acima do coração e é responsável pela produção de células T (ou linfócitos T), que combatem germes invasores do organismo. No interior do timo, essas células são equipadas com receptores que permitem reconhecer cada germe que invade a circulação, mas essa produção perde ritmo quando envelhecemos”.

Idosos sedentários têm muito menos da proteína interleucina-7 que é uma das proteínas que ajuda no sistema imunológico, entretanto, ciclistas como o Norman têm até o dobro no nível dessa proteína, o que pode ter alguma relação com a produção de células T, do Timo, isso de acordo com o estudo da professora da Universidade de Birmingham, Janet Lord, apresentada na reportagem.

Existem ainda várias outras transformações que acontecem no organismo e diferentes formas de lidar com elas. Não podemos deixar de mencionar, ainda que brevemente, a importância da alimentação. A reportagem trouxe exemplos de monges da Igreja Ortodoxa Cristã que praticam o jejuam e que parece contribuir para uma vida mais longa. Estudos com o chamado jejum intermitente, semelhante à dieta dos monges, demonstram reduzir a incidência de câncer e doenças cardíacas.

Uma reportagem publicada no site do Uol sobre hábitos que fazem viver mais e melhor destaca o tema do otimismo. Questões psicossociais que podem ajudar a promover um envelhecimento saudável ainda não são totalmente conhecidas. Porém, uma pesquisa feita em conjunto pela Escola de Medicina da Universidade de Boston, Escola de Saúde Pública Harvard T.H., Instituto de Cuidados de Saúde Harvard Pilgrim e Escola de Medicina da Universidade de Harvard, todos dos Estados Unidos, constatou que existe relação entre otimismo e longevidade excepcional (viver mais de 85 anos).

No estudo, que analisou mais de 71 mil homens e mulheres durante 30 anos (1986 a 2016) e 10 anos (2004 e 2014), respectivamente, os otimistas tiveram vidas de 11% a 15% mais longas dos que os pessimistas, além de possuírem chance 50% a 70% maior de atingir 85 anos. Os resultados não sofreram alteração mesmo levando em consideração fatores como condição socioeconômica, doenças crônicas, escolaridade, comportamentos de saúde e integração social.

Não está claro como exatamente o otimismo ajuda as pessoas a alcançarem uma vida mais longa. O que se acredita que é esse atributo psicológico, caracterizado como a expectativa geral de que coisas boas aconteçam ou a crença de que o futuro será favorável, está relacionado a controlar melhor as emoções e comportamentos, a se recuperar de maneira mais eficaz de situações estressoras e dificuldades e a ter hábitos mais saudáveis.

Um outro dado publicado na mesma reportagem do Uol destacou a relação do estresse com o envelhecimento. Sabemos que é praticamente impossível não passar por situações de estresse no dia a dia, ainda mais para quem vive nas grandes cidades e têm uma rotina atribulada, cheia de compromissos e responsabilidades. Mas se isso se dá apenas de vez em quando ou se usa estratégias para administrar a tensão, não há tanto motivo para preocupação, diz a reportagem. O problema surge quando viver estressado é algo frequente.

O que acontece é que essa situação leva à inflamação crônica do organismo e provoca uma série de reações físicas e emocionais, que desencadeiam problemas capazes de causar ou acelerar a morte e antecipar o envelhecimento. Na lista estão: indução a hábitos pouco saudáveis, o que contribui para o surgimento de diversas doenças, inclusive psiquiátricas, enfraquecimento do sistema imunológico e alterações no sono e na memória.

Nas regiões do planeta onde as populações vivem mais tempo e com mais qualidade, identificadas pelo projeto Blue Zone, os pesquisadores verificaram que essas pessoas também se estressam em alguns momentos. O diferencial é que buscam maneiras para eliminar esses incômodos. Por exemplo, não trabalham tanto, têm momentos de lazer, participam de atividades comunitárias, praticam algum hobby e cuidam da espiritualidade.

Em outro estudo, desta vez de acordo com o Pure, os seguintes fatores são responsáveis por 90% das mortes precoces na América Latina, em ordem decrescente de importância: cigarro, pressão alta, baixa escolaridade, obesidade abdominal, diabetes, redução de força muscular, sedentarismo, consumo de álcool, alimentação não saudável e poluição.

Por tudo o que destacamos aqui, percebemos que não basta apenas celebrar mais aniversários, mas fazer com que esses aniversários possam ser vividos de forma plena e saudável.

 

Vida Longa, Próspera e com Sabedoria!!!


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