AS BASES METAFÍSICAS DA FÍSICA CONTEMPORÂNEA

por Alexsandro M. Medeiros

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postado em 2015


Este ensaio pretende aproximar, de um modo geral, as estreitas relações que devem existir – e existem – entre ciência e filosofia ou, mais especificamente, entre física e metafísica – aqui utilizo indistintamente os termos ontologia e metafísica, entendendo ambas como uma descrição da estrutura fundamental da realidade, em seu aspecto primordial, originário, fundamental. Boa parte das reflexões aqui expostas surgiram a partir da leitura do texto de Heidegger, A essência do fundamento e da leitura do livro de Nicolai Hartmann, Ontologia, especificamente os volumes I e III. A este respeito é válido ainda salientar que o título do presente trabalho pode ser visto como uma paráfrase de um dos subtópicos da Introdução do livro de Hartmann (1986): Fundo metafísico das ciências naturais.

A Física Contemporânea – a Mecânica Quântica e a Teoria Geral da Relatividade – clamam por uma ontologia do mundo que lhe seja coerente. Assim, um dos maiores trabalhos filosóficos na atualidade – como em todas as épocas –, está no desenvolvimento de uma ontologia. Trabalho árduo, sem dúvida, depois de décadas em que a Metafísica literalmente caiu em profundo descrédito, sobretudo a partir da intervenção da filosofia analítica. Quando dizemos que a física contemporânea clama por uma ontologia do mundo que lhe seja coerente o dizemos no mesmo sentido em que Gilles Granger afirma que a ciência comporta um pano de fundo metafísico. É este pano de fundo, este tecido – étoffe –, do universo que espera por ser desvelado. A ciência “comporta um pano de fundo metafísico, que transcende a experiência e confere uma significação ao mundo como experiência global. Exemplo nas ciências naturais: o atomismo; na matemática: a noção de infinito” (GRANGER, 1993, p. 202). E poderíamos ainda ampliar estes exemplos no campo da física contemporânea: espaço, tempo, substância, causalidade, etc[1].

Quando defendemos esta posição em que deve haver um vínculo estreito entre filosofia e ciência não pretendemos com isto dizer que nesta relação está a chave para a compreensão de todos os problemas fundamentais, primeiros e últimos, da natureza, senão que esta relação nos proporcionará uma visão mais ampla e melhor compreensão da realidade. “Certamente, ninguém pode pedir à Filosofia que torne cognoscível o incognoscível. Mas ela pode ao menos captar múltiplos aspectos de uma coisa que, na sua essência, encerra sempre um resto incognoscível” (VAZQUEZ, 1996, p. 57).

Desde já faremos uma afirmação que poderá chocar espíritos menos desavisados e que para outros poderá parecer bem ousada, a saber, que os cientistas não podem deixar de entrar no campo da metafísica quando se elevam a uma concepção geral ou a uma descrição da realidade. Com isto queremos dizer que uma teoria científica, que pretenda dar conta da realidade, jamais poderá esquivar-se de uma ontologia, o que nos leva a afirmar que a Filosofia tem um papel fundamental a desempenhar no campo da investigação científica não apenas no seu aspecto epistemológico mas, também, e sobretudo, ontológico. “Isto leva-nos a entrar num campo onde é fundamental para a Ciência a intervenção da Filosofia pois os filósofos, têm um legado, uma tradição conceptual que pode ajudar a melhor perceber a Ciência e ser muito útil aos cientistas...” (JANEIRA, 1993, p. 36).

O Mundo Físico

A revolução científica iniciada com Galileu e que alcançou seu auge com Sir. Isaac Newton modificou a velha concepção de mundo presente na Idade Média, exercendo grande influência na história do pensamento científico e filosófico. Toda a evolução de nossas idéias sobre a maneira pela qual imaginávamos a natureza podia, desde então, ser concebida como um desenvolvimento das idéias newtonianas.

No início do século XX a física atravessou uma grave crise, tendo sofrido fortes abalos sobre seus fundamentos que se acreditavam invioláveis. “El mundo físico, tanto según la teoría de la relatividad como según las más recientes doctrinas acerca de la estructura del átomo se ha convertido en algo muy diferente del mundo de la vida cotidiana y tambien del que nos muestra el materialismo científico de la diversidad del siglo XVIII” (RUSSELL, 1936, p. 107)

Entre outras coisas, a velha concepção newtoniana de espaço e tempo absoluto, a ideia de um éter físico, as concepções de substância, massa e gravidade, foram modificadas ou abandonadas pela teoria da relatividade de Albert Einstein. Além disso, durante as primeiras três décadas do século 20, o misterioso comportamento dos átomos foi pouco a pouco sendo revelado por um grupo de físicos que inclui Einstein, Bohr, Dirac, Schrödinger, Heisenberg, Pauli e muitos outros. Foram 30 anos que abalaram profundamente os alicerces da física, transformando a nossa concepção de mundo, demonstrando, assim, a estreita relação que pode e deve existir entre o pensamento científico e filosófico. A descoberta do aspecto dual da matéria e do papel fundamental da probabilidade trouxe consigo inúmeras consequências para nossa compreensão da realidade. Em nível subatômico, os objetos materiais sólidos da física clássica dissolvem-se em padrões ondulatórios de probabilidades. “El punto principal de la moderna teoría para el filósofo está en que la matéria deja de ser una ‘cosa’ y queda substituida por emanaciones de una región... la teoría de la relatividad conduce a una anulácion semejante de la solidez de la materia, si bien siguiendo una línea de raciocinio diferente” (RUSSELL, 1936, p. 116).

Uma das mais importantes conseqüências da nova estrutura relativística foi a compreensão de que a massa nada mais é senão uma forma de energia. Mesmo um objeto em repouso tem energia armazenada em sua massa, e a relação entre as duas é dada pela famosa equação de Einstein: E = mc2. Uma vez aceita como uma forma de energia, deixa de se requerer que a massa seja indestrutível, já que pode ser transformada em outras formas de energia. Isso acontece continuamente nos processos de colisão de alta energia, em física, nos quais partículas materiais são criadas e destruídas, sendo suas massas transformadas em energia de movimento e vice-versa. A relatividade trouxe a necessidade de introduzir novos pontos de vistas com respeito à estrutura dos átomos “... y muy especialmente la transmutación de los elementos en radioactividad, condujo a la conclusión de que lo que se había llamado ‘átomo’ eran realmente estructuras complejas que podían transformarse en otros átomos de distinta espécie...” (RUSSELL, 1936, p. 109). As entidades de que se fala na física não são “coisas” no sentido vulgar do termo; não se aplica a elas os modos de ser e de comportamento que na linguagem comum são atribuídos às coisas; a sua existência é definida implícita ou explicitamente pelos processos utilizados na física.

Além disso, as teorias modernas sustentam que existem quatro forças fundamentais que regem o cosmo (gravidade, eletromagnetismo e forças nucleares forte e fraca) e que na origem do universo – Big-Bang – estas quatro grandes forças estavam unificadas numa única, o que corresponde a teoria do campo unificado, ainda não corroborada experimentalmente. O que se sabe sobre esse campo unificado? Não muito. Einstein passou décadas tentando desvendar suas propriedades. Centenas de físicos teóricos dedicam suas carreiras atrás do mesmo objetivo, entre eles, o autor de Uma Breve História de Tempo, Stephen Hawking (2001). Uma das maiores dificuldades da física contemporânea sob a qual se empenham cientistas de todos os cantos do mundo consiste numa teoria que unifique a relatividade geral e a física quântica.

 

A Teoria da Relatividade Restrita e Geral, hoje em dia, é confirmada sob todos os aspectos e faz parte da trama do Universo; mesmo assim, ainda há fenômenos “infinitamente” pequenos aos quais ela não pode ser aplicada, pelo menos por enquanto; trata-se aqui das constantes de Max Planck, a saber: do comprimento mínimo – 10-32 mm, do tempo mais curto – 10-43 seg e da temperatura máxima – 1032 °C graus, que ultrapassam a imaginação humana.

À escala do átomo e das suas partículas constituintes, o mundo do muito pequeno é governado pela teoria quântica, e os parâmetros do ínfimo podem ser explorados apenas parcialmente no campo das energias extremas, nos aceleradores circulares ou lineares, como por ex: CERN na Suíça. Neste contexto, a ciência atual compreende ainda mal estes fenômenos, já que não conseguiu chegar à desejada aliança entre a gravidade e a teoria quântica; ainda não é capaz de explicar, exatamente, as leis da natureza em tão curtos intervalos de tempo e de espaço (SKWARA, 2005, p. 68).

 

Com estas considerações sobre o mundo físico pretendemos demonstrar que a nossa visão de mundo, desde a Antiguidade até os nossos dias, está sempre, de algum modo, relacionada com a ideia que temos da estrutura do mundo físico. A concepção que temos da realidade vai se moldando, pouco a pouco, influenciada principalmente pelos avanços científicos. E a filosofia, bem, a filosofia não aparece aqui como uma espécie de “ave de Minerva”, que só “alça vôo ao entardecer”? Nesse sentido, parece que devemos concordar com a análise de Hartmann quando diz que a “Philosophia prima” é antes uma “Philosophia ultima”. Com os avanços tecno-científicos, o homem vai descobrindo cada vez mais, um pouco mais sobre a estrutura da realidade física e, por mais que pareça difícil uma interpretação ontológica da realidade baseada em fatos científicos, uma vez que estes se referem apenas ao aspecto ôntico do real, é uma tarefa que pede esforço e perseverança por parte da filosofia. Não seria esta uma das razões que nos fazem, a despeito de toda crítica, analítica ou epistemológica, retornar a Ontologia?

 

Ninguna filosofia puede passar inadvertidos los cambios que en nuestras ideas del mundo físico han creído necesario introducir los hombres de ciencia (...) Nuestra edade ha penetrado más profundamente en la naturaleza de las cosas que ninguna otra edade precedente, y fuera inadecuada modestia sobreestimar do que aún puede aprenderse de los metafísicos de los siglos XVII, XVIII e XIX (...) Hasta 1925, las teorias de la estructura del átomo se fundabam en la antigua concepcion de la materia como substancia indestrutible (...) debido principalmente a los físicos alemães Heisenberg y Schrödinger, se desvaneceron los últimos vestigios del antiguo átomo solido. (RUSSELL, 1936, p. 107 e 108).

 

Este retorno à Ontologia defende-o Hartmann, na Introdução de sua obra: “tenemos que retornar a la ontología, porque las cuestiones metafísicas fundamentales de todos los dominios de la investigación en que trabaja el pensar filosófico son de naturaleza ontológica” (1986, p. 02) – grifo nosso[2].

Problemas de Física e Filosofia

A constituição do mundo físico, seja na visão antiga, moderna ou contemporânea, não pode ser reduzida a prática científica e está, de alguma forma, ligada à reflexão filosófica – epistemológica e/ou ontológica. A física constitui uma tentativa de explicar o Universo, seja em Aristóteles, Galileu, Newton, Laplace, Einstein, Heisenberg etc. E ao explicar o Universo, a Física desenvolve-se seguindo uma linha filosófica (cf. SELLERI, 1994, p. 196), embora também seja possível encontrar físicos profundamente despreocupados com questões filosóficas.

A revolução das ideias científicas traz consigo necessariamente uma revolução da cosmovisão filosófica. Uma está intimamente ligada à outra. As contradições observadas no mundo físico das quais resulta um novo modelo de ciência exige uma nova interpretação filosófica que dê conta da realidade.

Até o início do séc. XX, toda a mecânica não era senão um desenvolvimento dedutivo, formal e matemático, baseado na mecânica newtoniana. A mecânica de Newton e Galileu, por sua vez, já havia contradito a de Aristóteles no que diz respeito à queda dos corpos, a lei da inércia, a proporcionalidade da força e da aceleração. A mecânica quântica e a teoria da relatividade viriam, por sua vez, contradizer a mecânica clássica.

Estas revoluções científicas – para usar o termo de Thomas Kuhn – também trazem modificações no campo da reflexão filosófica; e a física contemporânea, seja através da física quântica ou da teoria da relatividade, traz implicitamente implicações não apenas na nossa forma de ver o mundo, mas também de entendê-lo. Vejamos o que diz o professor Skwara (2005), sobre o aspecto ontológico da teoria da relatividade, apenas para evidenciar um dos aspectos que estamos, aqui, tentando demonstrar:

 

Ao nível ontológico, a teoria da relatividade oferece os elementos de valor não só científico, mas também filosófico, porque tange os atributos fundamentais do ser material, tais como: a extensão, a duração e a evolução do Universo, rejeitando o espaço e o tempo absolutos, entidades intrinsecamente contraditórias e metafisicamente absurdas. O espaço e o tempo não são realidades em si nem subsistentes nem in-dependentes dos corpos reais e dos seus movimentos, mas se identificam de modo estreito com eles; não são entidades puramente abstratas e metafísicas, mas são os aspectos distintos dos corpos físicos, dotados de massa e de movimento, sempre imersos no campo gravitacional.

A teoria einsteiniana salienta o valor ontológico, quando afirma a constância e a insuperabilidade da velocidade da luz, (...)

A teoria einsteiniana se reveste de valor ontológico, quando nega o tempo absoluto (...) igual valor ontológico deve ser reconhecido nas correlações temporais de eventos distantes: proximidade e simultaneidade, anterioridade e posterioridade, que não têm valor absoluto idêntico para todos os observadores, mas têm um valor puramente relativo, isto é, dependente do estado de movimento do observador (SKWARA, 2005 p. 69 e 70).

 

Vemos assim que a física relativística não só ocasiona uma revolução na nossa forma de enxergar a realidade como, por outro lado, contribui para um conhecimento mais objetivo do mundo ao nosso redor.

Como fica, então, a filosofia diante da descrição da estrutura física da realidade, evidenciadas pela teoria da relatividade e pela mecânica quântica? Questões como a essência do tempo, do espaço, da força, da substância, da matéria, da causalidade, são questões que dizem respeito à área das ciências, ou, antes, é a filosofia que tem algo a dizer sobre estas questões essências da realidade? E o que dizer da tentativa de compreender a natureza de forma unificada, como desejam boa parte da comunidade de físicos da atualidade, através da teoria dos campos nucleares? Essa tentativa de buscar uma Unidade através da Multiplicidade do mundo físico não é uma questão que tem sido levada em consideração pela filosofia desde sua origem? A propósito, não é isto o que diz Nietzsche, em relação à Tales, e que o torna o primeiro filósofo da história da humanidade? O fato de que, por trás da proposição de Tales de que “tudo é água” existe, na realidade, um postulado metafísico que diz: “Tudo é Um”? Afinal, do ponto de vista ontológico, haveria um fio que liga o todo e donde derivam os demais? Ou seria a realidade apenas essa textura fragmentada, sem nada de oculto e sem nenhuma continuidade ou relação entre as partes e o todo? Os “fios que formam a teia da realidade”, o “tecido” do universo, não constituem, em si, um problema filosófico-ontológico? Não constitui a unidade ontológica do mundo em seus mais diferentes níveis (físico, biológico, científico, filosófico etc.) um dos mais primordiais questionamentos que se poderia pôr a filosofia? Seria a verdadeira realidade uma unidade escondida sob a corrente enganadora da multiplicidade dos fenômenos?

Uma coisa é certa, as coisas diferenciam-se segundo suas propriedades formando uma multiplicidade imensa e aparentemente desconexa. Como situar uma unidade que compreenda toda esta diversidade e não seja uma mera hipótese ideal entre o mundo sensível (aquilo que se apresenta aos sentidos) e o mundo inteligível, entre o movimento dos astros e das partículas elementares, entre um pedaço de madeira e um retrato de Rembrandt?

É verdade que muitos poderiam objetar que estamos, aqui, já no campo metafísico e muitos físicos não ousariam ir mais além. Talvez acusassem-nos de expor a física dar um salto metafísico. Mas também é verdade que existe no homem um desejo, quase que inato, de querer conhecer a realidade e o mundo, e é isto o que diferencia os grandes pensadores, dos pensadores comuns: onde estes últimos se detêm, os primeiros vão mais além, e são estes, os grandes pensadores, que saciam nossa sede e fome e conhecimento.

Através de toda a história da filosofia sobressaem três temas que se cruzam e se interpenetram: a unidade, a multiplicidade e a realidade fundamental das coisas.

Somente no início do século XX, sobretudo com o positivismo lógico do Círculo de Viena, é que estas questões fundamentais pareceram vazias de sentido. Entretanto, se a filosofia da linguagem pôde fazer calar as vozes dos filósofos, não o pôde fazê-lo em relação a natureza e em relação ao trabalho daqueles que dedicam boa parte de suas vidas no sentido de buscar sempre uma maior compreensão do universo no qual estamos inseridos e cujo trabalho persiste de forma cada vez mais intensa em busca de uma teoria geral de tudo e, em cujos fundamentos, é preciso reconhecê-lo, reside um postulado metafísico que diz: “Tudo é Um”.

Considerações Finais

Este texto é resultado de algumas reflexões que utilizamos para nossa dissertação de mestrado (veja o nosso trabalho em: A Unidade Ontológica do Mundo em Werner Heisenberg). Uma das perguntas que poderíamos colocar na base de nossa dissertação poderia ser esta: a descrição física da matéria proposta por Heisenberg (1981) é um enunciado metafísico, isto é, seus enunciados descrevem como o mundo material é em seu nível mais fundamental? Responder a esta pergunta ultrapassa os limites deste ensaio, que serve apenas para introduzir nesta temática, importantes reflexões dentro do âmbito do nosso projeto. Mas não podemos nos furtar a afirmar aqui, tal como o faz Selleri (1994, p. 112, tradução nossa), em sua obra Le grand débat de la théorie quantique que: “sólidas afirmações de natureza filosófica se encontram igualmente no trabalho de Heisenberg”.

Os resultados da física moderna tocam de perto em conceitos fundamentais como realidade, substância, espaço e tempo, tornando ainda mais evidente a estreita relação que deve existir entre ciência e filosofia. Jean Guitton acredita que os avanços da física moderna convergem o nosso pensamento para o impulso de uma nova metafísica: “não existirá hoje uma espécie de convergência entre o trabalho do físico e o do filósofo? Não fazem, um e outro, as mesmas perguntas essenciais? (...) entramos como cegos, num tempo metafísico. Ninguém ousa dizê-lo: sempre silenciamos sobre o essencial (...)” (GUITTON, 1992, p. 10 e 13). Observamos uma tentativa cada vez mais crescente de discutir as ideias da física contemporânea, estudando suas conseqüências filosóficas. Mudanças profundas que teve de ocorrer em conceitos fundamentais que dizem respeito à realidade a partir da teoria quântica e da teoria da relatividade.

Com a física quântica e a teoria da relatividade, mesmo que não saibamos ainda claramente como, é nossa representação do mundo que está em jogo. “Os próprios filósofos devem interrogar-se sobre a significação profunda dessas revoluções, respondendo especialmente a esta pergunta: o que é que a ciência procura nos transmitir? Quais são os novos valores que ela propõe e em que contribui para forjar uma nova visão do mundo?” (GUITTON, 1992, p. 140).

Depois desta incursão pelo mundo físico e filosófico podemos agora reafirmar, com menor receio, o que vimos tentando demonstrar durante todo o curso deste ensaio, que o conhecimento científico é um sistema conceitual aberto, tendo como ambiente imediato a Ontologia, ou ainda: “... fazer ciência inovadora é filosofar, sempre” (VIEIRA, 2002, p. 56).

Referências

GRANGER, Gilles Gaston. A ciência pensa? Discurso (Revista do Departamento de Filosofia da USP), nº 22, 1993, p. 197-204.

 

GUITTON, Jean; BOGDANOV, Igor & Grichka. Deus e a ciência, em direção ao metarrealismo. Trad. de Maria Helena F. Martins. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 1992.

 

JANEIRA, Ana Luísa. O filósofo perante a ciência. Revista Perspectiva Filosófica, vol. I, nº 02, janeiro-junho/1993, p. 31-42.

 

HARTMANN, Nicolai. Ontologia. México: Fondo de Cultura Econômica, 1986. vol. I.

 

HAWKING, Stephen. O Universo numa casca de Noz. Trad. Ivo Korytowski: Editora Mandarim, 2001.

 

HEISENBERG, Werner. Física e Filosofia. Trad. Jorge Leal Ferreira. Brasília: Universidade de Brasília, 1981.

 

RUSSELL, Bertrand. Fundamentos de Filosofia. Santiago: Editorial Cultura, 1936.

 

SELLERI, Franco. Le grand débat de la théorie quantique. Paris: Flammarion, 1994.


SKWARA, Witold. Aspectos Epistemológicos e Ontológicos na Teoria da Relatividade de Albert Einstein. Revista Perspectiva Filosófica. Vol. II, nº 24, julho-dezembro/2005, p. 55-73.

 

VAZQUEZ, Jesus. Bachelard e a Ontologia. Revista Perspectiva Filosófica, vol. IV, nº 09, julho-dezembro/1996, p. 35-58. 


VIEIRA, Jorge de Albuquerque. Ciência e Filosofia. Ciência, Gnosiologia e Ontologia. Revista Filosofia, vol. 14, nº 14, janeiro-junho 2002, p. 55-61.