PIETRO UBALDI, TEILHARD DE CHARDIN E O CRISTO MÍSTICO

TRABALHO APRESENTADO no 34º Congresso Internacional da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (SOTER), em julho de 2022

por Alexsandro M. Medeiros

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Resumo

Na obra “A Descida dos Ideais”, o filósofo italiano Pietro Ubaldi dedica um vasto capítulo para traçar as semelhanças entre às suas e as ideias do padre jesuíta Teilhard de Chardin. Segundo o filósofo italiano são três os pontos de contato com a obra do padre jesuíta: as teorias defendidas; os sofrimentos morais causados pela condenação por parte das autoridades religiosas; e a paixão pelo Cristo, concebido como ponto de convergência da evolução da vida. Assim, podemos pensar que a figura do Cristo tem um papel fundamental para ambos os autores e o nosso objetivo será, portanto, realizar uma análise comparativa considerando, para além do Cristo histórico, o Cristo místico, ou seja, o Cristo que tudo vivifica e que pode ser percebido no íntimo de todo ser e de toda evolução, orientando-a para o ponto ômega, que é Deus-Pai. De forma bastante “simples”, este Cristo místico pode ser descrito tal como encontramos na epístola aos Gálatas (2,20), do apóstolo Paulo: “e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”. É nesse sentido que entendemos o Cristo místico e que encontramos igualmente na obra do filósofo italiano e do padre jesuíta. Como metodologia adotamos a pesquisa bibliográfica e para balizar nossa análise iremos considerar sobretudo a obra “Cristo”, e “Ascese Mística”, do filósofo italiano, e “O Meio Divino” e “Hino do Universo” do padre jesuíta. Inicialmente faremos algumas breves considerações sobre as ideias de Ubaldi e Teilhard, que nos possibilitem entender a ideia do Cristo concebido como ponto de convergência da evolução da vida para, em seguida, abordarmos o Cristo místico em uma análise comparativa de suas ideias. A experiência mística é uma experiência que nos coloca em contato direto com o divino. Para Teilhard, o mundo material está totalmente impregnado de Deus e, igualmente, da presença de Cristo, como se fosse um prolongamento de seu próprio corpo, por isso, podemos dizer que a mística de Teilhard é cristocêntrica: Cristo, cuja missão era fazer convergir tudo para o Pai, está no mais íntimo de tudo. De modo semelhante, encontramos na obra do filósofo italiano a ideia de que o “verdadeiro” Cristo, muito mais do que apenas um personagem histórico é, igualmente, uma realidade interior que nos coloca em contato direto com a própria divindade: no plano racional e intuitivo, encontramos o Cristo histórico e cósmico, mas no plano místico a consciência sente, pelo amor, o Cristo místico, um Cristo sempre mais interior, mais potente, imaterial, amoroso, cuja manifestação terrena representa a mais perfeita expressão do Deus-Pai.

 

O TRABALHO COMPLETO ESTÁ DISPONÍVEL NOS ANAIS DO EVENTO: ANAIS SOTER 2022